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Aprenda a desistir. Desistir rápido, desistir melhor.

  • academiaresilienci
  • 30 de jul. de 2024
  • 6 min de leitura

Você já teve a sensação de que estava quase explodindo de tanto se esforçar e não estava chegando a lugar algum? Ou até chegou a algum lugar, mas ficou tão exausto, sacrificou tanta coisa, que sentiu que não conseguiria repetir, nem mesmo tinha mais energia para tentar? Chegou a um ponto em que sente tanta tensão, tantas dores, talvez até alguma lesão ou doença, como gastrite, ansiedade generalizada, depressão, burnout, que sente que não pode continuar?

 

Então, chegou o momento de desistir. E vou te explicar, porque desistir vai te ajudar a ir mais longe do que continuar se esforçando cada vez mais.

 


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Imagem de Tony Cordaro por Pixabay.


Aqueles que ficam na ponta dos pés não se mantêm firmes. Aqueles que se apressam não chegam muito longe. Aqueles que tentam eclipsar os outros ofuscam sua própria luz. Os taoístas observaram durante muito tempo que os humanos frequentemente agem de maneiras contraproducentes. Frequentemente forçamos as coisas apenas para descobrir que nossos esforços resultam em retrocessos.

 

Tentamos melhorar o mundo, mas depois percebemos que alterar o caminho natural causa muitos novos problemas. Muitas vezes, quanto mais nos esforçamos por algo, mais parece que nos afastamos disso. Desejamos impressionar alguém por quem estamos atraídos, mas, por alguma razão, quanto mais tentamos, menos sucesso temos, ou estamos prestes a fazer um discurso que ensaiamos mais de 100 vezes e, embora o conheçamos de memória, arruinamos tudo. Nesses casos, nosso conhecimento e habilidades não são o problema.

Sabemos o suficiente, praticamos o suficiente para nos desempenhar bem.

 

O problema surge quando nos colocamos em nosso próprio caminho. É a mente que tenta controlar demais a situação, analisar e racionalizar, o que sabota nosso desempenho. Um curioso sábio taoísta, Lao Tzu, estava ciente da peculiaridade humana de se perder tanto em sua presença intelectual que esquecem o caminho natural.

 

E assim, forçam e se esforçam, nadando contra a corrente, às vezes terminando mais longe de seus objetivos do que quando começaram. Então, o que aconteceria se parássemos de nos esforçar tanto e encontrássemos uma maneira diferente, mais fácil de fazer as coisas?

 

Na trilha de aprender o não-esforço, hoje vamos entender Lao Tzu e a arte de não tentar.

 

Lao Tzu é o sábio taoísta mais conhecido, embora não haja provas de que ele realmente existiu. Se ele viveu, deve ter sido em algum momento entre o século V e VI antes de Cristo, o que o faz contemporâneo de Confúcio. No entanto, o lendário filósofo chinês escreveu uma obra-prima chamada Tao Te Ching, que muitos consideram a principal escritura taoísta. O Tao Te Ching é uma obra misteriosa. Não só não há consenso sobre quando exatamente foi escrita, mas a existência de seu autor ainda é disputada.

 

No entanto, uma coisa é certa. A profundidade dessa obra deixou sua marca na humanidade até hoje. Vale também notar que o Tao Te Ching está entre as obras mais traduzidas na literatura mundial. Lao Tzu parece ter escrito este texto como um manual para um governante. Em grande parte, trata de governar as pessoas e ser um bom líder, principalmente permitindo que as pessoas se governem a si mesmas. problemas como confiança e opressão, moderação e excesso, humildade e orgulho, qualidades que podem fazer ou desfazer um governante, mas também um ser humano.

 

Lao-Tzu fala do valor de confiar em, vez de tentar controlar todos e tudo, de tomar a posição inferior, em vez de tentar dominar, e de ser flexível, em vez de rígido. Em frases poéticas e breves, deixa claro sua mensagem. Ele escreveu, por exemplo, aqueles que são rígidos e duros são discípulos da morte. Aqueles que são suaves e flexíveis são discípulos da vida. Os rígidos e duros serão quebrados. Os suaves e flexíveis prevalecerão.

 

No entanto, no coração de seus ensinamentos reside um conceito fundamental, a misteriosa e onipresente força chamada Tao. A essência da filosofia taoísta é viver em harmonia com o Tao, também chamado de caminho. Então, o que é o Tao? Lao-Tzu esclarece que não podemos conhecer o Tao, pelo menos não intelectualmente. Nosso entendimento dele chega apenas até às limitações de nossa percepção. A verdadeira natureza do Tao permanece um mistério. Além disso, segundo Lao-Tzu, o Tao de que falamos não é o verdadeiro Tao. Daí a famosa abertura de sua obra.

 

O Tao que pode ser descrito não é o Tao eterno. O nome que pode ser falado não é o nome eterno. Então, se o verdadeiro Tao sempre nos escapa, o que podemos realmente saber sobre ele. Os filósofos taoístas enfatizam repetidamente que o verdadeiro Tao é uma força abrangente além da nossa compreensão, que os sentidos não podem perceber. O Tao impulsiona tudo e governa o universo. Está por trás de tudo o que percebemos, fazendo o seu trabalho sem pressa, sempre realizando as coisas. É uma força de imensa profundidade. Não podemos controlá-la, só podemos nos mover com ela ou contra ela. Viver em harmonia com o Tao é o objetivo final de um sábio taoísta.

 

Mas como ele consegue isso?

 

Como praticar o não-esforço

Lao-Tzu não fornece um guia prático sobre como viver em acordo com o Tao. No entanto, seus escritos líricos contêm muitas pistas que apontam para alcançar a quietude da mente, sendo receptivo em vez de controlador e um curioso conceito conhecido como não-ação ou ação sem esforço. O último é bastante paradoxal, pois não agir e não fazer implicam passividade, mas mas do ponto de vista taoísta não é assim. Segundo Lao Tzu, para aqueles que praticam não fazer, tudo se encaixa. Então, como podemos alcançar algo mediante o não fazer?

 

Como podemos agir sem esforço e ainda assim realizar tudo? A resposta é Wu Wei. O conceito chinês de Wu Wei, ou não fazer, é central no taoísmo. Pode ser traduzido como não-ação, ação sem esforço, ou a paradoxal ação da não-ação. Wu Wei é multifacetado. Há diferentes formas de não-ação. Nos escritos de Lao Tzu, ele ensina a suavidade sobre a dureza, permitir sobreforçar e fluir, em vez de se esforçar. que deixemos de empurrar além dos limites da natureza e usemos o Tao a nosso favor, indo com ele em vez de lutar contra ele.

 

Praticar Wu-Wei nos alinha com o Tao. Por exemplo, a ideia de não intervenção de Lao-Tzu se aplica particularmente ao governante. Em vez de governar tentando controlar e dominar, um governante deve confiar e permitir que muitos processos aconteçam sem intervenção desnecessária. O mundo e seu povo são amplamente autogovernados. Se ele intervir demais, interrompe o fluxo natural e as coisas só pioram.

 

Também podemos ver isso com gerentes excessivamente controladores. Seus esforços podem surgir de um desejo de fazer bem, mas sua constante intromissão é frequentemente contraproducente. Lao-Tzu escreveu que grandes líderes lideram desde um lugar de não-ação. Eles só agem quando é necessário, confiam no processo e deixam que a natureza faça seu trabalho.

 

Muitos problemas se resolvem por si mesmos e muitas coisas se encaixam sem intervenção. Imagine quanto tempo e energia uma atitude assim poupa. Lao-Tzu escreveu, — Você quer governar o mundo e controlá-lo? Não acredito que isso possa ser feito. O mundo é um recipiente sagrado e não pode ser controlado.

 

Você só o piorará se tentar. Ele pode escorregar entre seus dedos e desaparecer. Dessa perspectiva, Wu-Wei não se trata apenas de deixar fluir com a natureza, permitindo que o universo faça seu trabalho. Devemos ser corajosos o suficiente para escapar de nossa presença intelectual de suposições, conceitos e categorias e nos comprometer com o mundo como ele se apresenta. O sábio deve se tornar o que Lao Tzu chamou de bloco sem esculpir, que é um estado de ser mais simples e não distorcido.

 

Então como isso funciona na prática? Como alcançamos esse estado de fluxo? Frequentemente sabotamos o estado de fluxo por causa de um estado de desordem e caos interno na mente. Em vez de estarmos focados, nossa atenção está dispersa. Em vez de operarmos no momento presente, estamos em todos os lugares, ruminando os fracassos passados e catastrofizando o futuro. Nos preocupamos tanto com uma tarefa específica que não conseguimos reunir coragem para começar, mesmo tendo as capacidades para isso.

 

A ideia de Lao Tzu de voltar ao bloco sem esculpir faz sentido aqui. Se nos libertarmos da tensão mental e da paralisia da análise que a acompanha, retornamos a um estado de mente mais simples e menos artificial, livre de cargas intelectuais. Tornamos-nos mais flexíveis e receptivos à realidade à medida que se desenrola.

 

Para concluir, a arte de não tentar, ou Wu-Wei, é uma prática poderosa que pode transformar nossas vidas em múltiplos níveis. Ao aprender a deixar de lado o controle excessivo e permitir que as coisas fluam naturalmente, podemos alcançar um estado de paz interior e eficácia em nossas ações. Na próxima vez que enfrentar um desafio, lembre-se dos ensinamentos de Lao Tzu e tente confiar. Você descobrirá que, muitas vezes, menos é mais e que a verdadeira sabedoria reside em saber quando não fazer nada.

 

E se você chegou até aqui e quer saber mais sobre como praticar o não-esforço, deixa um comentário, ou manda um email para contato.aresiliencia@gmail.com.

 
 
 

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